20 de abr. de 2012

Do direito de ir e vir


Este post trata do movimento como algo que se disponibiliza no tempo e se constitui no relacionamento. Trata ainda do sentido do movimento, e com isso quero dizer não apenas do rumo de uma “partícula” senão, sobretudo, do olho que acompanha aquela partícula disposta no tempo e que está constituída de relacionamento. Esta faculdade, a do olhar, claro é, se dá através de uma possibilidade da luz, pois que “constrói” sobre sombras o tempo e seu espaço (do relacionamento).
Não foi por Ele que aceitei ao convite de não apenas me filiar ao sindicato, senão que, além disso, participar de uma gestão administrativa sua. Na época, e isso era quase ao fim de 2010, poucos meses depois de meu ingresso no IFPR, a grande maioria dos funcionários Técnicos Administrativos não queriam e se recusavam declaradamente a participarem oficialmente da chapa administrativa daquele sindicato. Eu nada entendia, e ainda não sei o que compreendo exatamente, mas não recusei que meu nome fosse disponibilizado a contribuir nas ações necessárias para o seu desenvolvimento, se é que pudesse contribuir com algo. Entendo, isso sim, a enorme ignorância que possuo; e compreendo, isso também, a grande curiosidade e vontade que me constitui: própria condição para a alguma luminosidade, seja lá ao que for o foco.
Ele estava na organização da criação (creio) e da condução da ASSIFEPAR (Associação dos Servidores do Instituto Federal do Paraná). Pelo menos ele era o presidente e assinava os contratos, conforme pode ser visto, por exemplo, no DOU de 09/07/2009. Momento este, desta assinatura, em que ele ocupava um cargo de Diretor de Relações Comunitárias da extinta Pró-Reitoria de Relações Institucionais e Inovação (conforme DOU de 09/03/2009), depois de cumprir o cargo de Coordenador de Assuntos Parlamentares, de acordo com a Portaria n.º 53 de 07/01/2009. Aquela associação foi a entidade que, logo na sequência, se tornaria o Sindiedutec, um sindicato para representar o interesse dos trabalhadores das entidades de ensino básico técnico e tecnológico do Paraná. Ele era a liderança incontestada que, de forma tão natural quanto a sobreposição do inverno sobre o outono, ao criá-la, a presidia.
Não sei, hoje, qual a estação que vige por lá. Mas foi num inverno, após um natural e turbulento outono, que desisti daquela entidade, em carta enviada na primavera. Minhas razões são claras e óbvias.
Ele foi imoral através de uma intenção política ciente, dispondo-se, no entanto, em várias ocasiões, com argumentos quase disparatados, não fossem, por fundamento, fundamentais. Explico-me, pedindo a liberdade de usar uma imagem compartilhada pela Física. Diz-se, com erros e exageros, assim: Einstein relativizou o mundo ao transformar a referência das observações dos fenômenos. O que era absoluto num momento, o tempo e o espaço, pulverizou-se ante o domínio da luz.
Ele não acompanhou esta mudança e, apesar do referencial num tempo e espaço imobilizado, inercial, seu ponto de vista não é de todo dispensável e pode ser compreendido: tal como a relativização einsteiniana, seus argumentos são de um relógio estático que ele traz consigo; seu intervalo de tempo, assim, caminha em atraso numa relação com os demais referenciais, dando a seus argumentos uma existência restrita. Suas palavras não são sombras – e nenhuma palavra, sobretudo política, é sombra – mas desviam, de modo geral, as aparências, distorcendo a vista e sua imagem no olho que a mira, pois que a própria luz se curva ante sua gravidade. Vem daí a questão dos buracos negros? Vem daí a posição do Sindiedutec?
Meu confronto não é com o Sindiedutec, enquanto organização de pessoas em torno de um objetivo, ou objeto, comum para a união de forças que trabalhem por resultados iguais. Meu confronto não é sequer com a pessoa d'Ele. Meu confronto é com o direito de aprender e compreender, o direito, fundamental, de ir e vir. Ele, a seu modo, goza deste direito sem qualquer pudor, vai e vem, tal como visto aqui nestes diversos cargos e institutos pelos quais passou. Mas Ele, aparentemente, não quer compartilhar deste direito e, numa ação que julgo ser simplesmente comercial, tenta limitar os passos, restringir a mobilidade, coibir a ação legítima das pessoas que não se relacionam em sua atuação.
Sobre a questão comercial, ela é justificada facilmente em relação ao tema do “mercado interno”. Sem esta população, estes consumidores, que são os próprios fornecedores e deveriam ser, num ideal, seus produtores, o sindicato d'Ele não se manteria. E, aí entra o assunto, o sindicato não se mantendo, seu poder político, o capital político d'Ele, se, digamos assim, “desmancha no ar”. Daí que suas ações, as atitudes d'Ele, serão invariavelmente neste sentido: como um empreendedor, se lançará em busca de um mercado consumidor que lhe permita o acúmulo de um capital específico para um investimento específico.
Portanto, através do uso (ato) que se justifica por um sindicato, está a necessidade premente de um patrimônio individual, patrimônio este, fundamentalmente, de capital político. E a questão avança um pouco no quesito da manutenção financeira e material, tendo em vista que sem uma posição política, sem uma intenção formativa, sem uma disposição comunitária, a própria justificativa e utilidade de um sindicato não se mantém, ou sequer existe. E é neste sentido que o Sindiedutec não existe para os Técnicos Administrativos.
Disponho aqui de algumas questões a serem pensadas, analisadas e respondidas, por quem se interessar possa...
  1. Ele ocupa e acumula, como tenho ouvido por aí, cargo de Professor DE com o de Técnico Administrativo, além da ocupação como presidente sindical?
  2. Em e-mail encaminhado à diretoria do Sindiedutec-PR, na data de 03/05/2011, há cópia de um pedido, d'Ele, ao recém-eleito Reitor do IFPR com os seguintes dizeres (está ipsis litteris, não são erros de digitação meus):
    Além disso, EU PRECISARIA DE UMA CONVERSA EM PARTICULAR CONTIGO para avaliar contigo como dirigir o sindicato que não vejo como uma ferramenta de contestação mas que em certas situações tem por obrigação tomar determinados pocisionamentos. Também, gostaria conversar contigo quanto à minha espectativa de "sair" o quanto antes possível desta posição pois não é minha prioridade de geito nenum...”.
    Há uma explicação razoável para isso? Justifique. (Por razoável quero dizer: há a possibilidade da comunidade e dos servidores que pagam e pagaram por um sindicato saber o porque de seu presidente se sentir acovardado e ir buscar “apoio” junto ao reitor, e omitindo-se, justamente, de sua comunidade, ou, pelo jargão, sua base?)
  3. Em determinado momento estive conversando com Ele sobre a minha incompreensão de uma Comissão de Ética institucional que existia sem possuir aparência. Ou seja, a Comissão existia, mas não era acessível aos servidores porque não se sabia onde ou como contactá-la. No entanto, uma ou duas semanas após nosso diálogo (éramos dois!), surgiu no site do IFPR o menu da Comissão de Ética Pública com seu Regimento, Membros e Legislação. Era, então, 12/04/2011. Em outra oportunidade, após um comunicado de sua participação, “por convite”, em uma reunião do CONSUP, disse-lhe todas minhas provocações: os servidores não sabiam das pautas e desconheciam completamente as decisões e as Atas daquelas reuniões. Naquela oportunidade, apenas duas atas estavam dispostas no site. Sobre isso, tenho os arquivos da conversa, diálogo no éter digital... E não é que, em uma semana, se tanto, abre-se o menu do CONSUP no site e tem-se ali dispostas quase todas as atas das reuniões realizadas pelo CONSUP!! Seus arquivos em pdf não me permitem outra ideia, senão a de que minhas solicitações, dúvidas ou angústias, eram prontamente atendidas a partir de uma conversa com Ele. Ou seja, o diálogo se abria! Neste sentido, confesso, se estou correto, o sindicato era/é bastante ágil! Questão: estou correto, ou faz parte de minhas confusões pessoais?
  4. Em Ofício encaminhado à Direção nacional da FASUBRA, em 16/03/2012, pelo Sindiedutec-PR, Ele se constitui e busca confundir-se como o próprio órgão que preside:
  • Primeiro, assume o total desconhecimento em relação ao XXI CONFASUBRA, evento importantíssimo para os Técnicos Administrativos: “(...) fomos surpreendidos pela informação na página eletrônica da FASUBRA de convocação de Assembléia na nossa base sindical para eleição de delegados para o XXI CONFASUBRA.”
  • Segundo, assume sua incompetência com argumentos que se contradizem, posto que são argumentos sobre a própria responsabilidade do Sindiedutec: “Não sabemos se tal encaminhamento se deu por desconhecimento, má fé ou interesse em burlar a representatividade em evento tão importante como é o CONFASUBRA.” Ora, o próprio Sindiedutec-PR agiu com desconhecimento, com má-fé ou com interesse de burlar a própria representatividade, boicotando-se a si mesmo na participação do CONFASUBRA? Ou, pior, acusa a própria FASUBRA de desconhecimento (do que não existe: um Sindiedutec para os técnicos!?!), de má-fé (do que é seu dever!?!) ou interesse em burlar a representatividade (antropofagismo!?!)?
  • Por fim, assume que tem pouca experiência e dificuldades (o que justifica o pedido ao Reitor, acima) e termina com uma pérola: “solicito orientação quanto aos procedimentos necessários para viabilizar a participação dos Técnicos Administrativos do Instituto Federal do Paraná, representado pelo SINDIEDUTEC-PR, Sindicato de base estadual, junto a esta importante e histórica Federação”. Primeiro, acusa ser o detentor do direito “nato” perante àquela confederação; depois, assume que todavia não é sequer conhecido por lá!!
    As questões deste item são: foi um ofício teu, particular, ou haveriam outros da diretoria e “da base” que compartilham desta monstruosidade/aberração? Teus objetivos visavam o monopólio do mercado consumidor “da base” (IFPR) para teu sindicato, em relação aos Técnicos Administrativos, ou tendiam 'apenas' em extorquir nossos direitos junto ao CONFASUBRA?
A conclusão óbvia deste ofício é a seguinte: desespero. Isso porque o tempo passa e a luz é referência. O Sindiedutec-PR poderá 'brigar', combater jurídica e ideologicamente (?) pela representatividade dos Técnicos. Porém, como não possui mais do que um sentido determinado, desvirtuado do que seja e represente um movimento sindical genuíno, com pretensões e disposições sindicais, o máximo que poderá envolver é o que a burocracia consegue e permite: uma representatividade de papel avulso... Neste sentido, a primeira atitude a se tomar, para tentar solver seu desespero, seria a de tentar explicar os posicionamentos tomados pelo Sindiedutec-PR, na pessoa de seu presidente, em diversas ocasiões. Por exemplo, quando das eleições do Reitor e do CONSUP, circularam algumas manifestações contundentes pelos e-mails, não? Mas sobretudo em relação à postergação, incompreensível, das eleições para os membros do CONSUP, que, na ocasião, se auto-legitimaram nos cargos por um ano além de seus mandatos legítimos, possivelmente para aprovar um novo Estatuto. Isto poderá ser melhor discutido, um fato, porém, já foi aqui levantado: sobre os novos conselhos naquele estatuto criados, o Sindiedutec-PR tem promovido alguma discussão?
No entanto, quero deixar claro, não tenciono uma afronta com os docentes que sentem, desejam e possuem naquele sindicato um espaço para a discussão, a defesa e a luta de suas carreiras. Pelo contrário, cada um, todos temos o direito de ir e vir – e quando se nos tentam represá-lo é quando devemos mais unidos e fortes nos sublevarmos. E o movimento realizado naquele direito é o que nos permite conhecer e reconhecer as pessoas, os ambientes, aos próprios movimentos; o que é fundamental para que se projete alguma ação, qualquer ação justa e eficiente, seja um indivíduo, sobretudo uma comunidade. Meu “depoimento” aqui é devido a esta disposição de confronto que recebi e que publicizo para permitir que todos nós, sem exceções, possamos tentar abrir um diálogo em conjunto para unirmos opiniões, sugestões e decisões para uma ação fundamental e em conjunto, que vem a ser a defesa dos servidores públicos e do serviço público.
Finalizo: em um artigo disperso, tomado “aleatoriamente”, tem-se uma sensação bastante estranha, porque análoga. Tal artigo descreve uma reunião entre três entidades sindicais e o governo para tratarem dos assuntos pertinentes à carreira dos docentes. Ali, como se vê, o PROIFES toma uma posição que é dita, por característica, governista, contrária as duas outras entidades sindicais, o SINASEFE e a ANDES. Esta característica, é o que me pasma, parece muito, muito próxima daquela citada no e-mail e transcrita acima: “não vejo [o sindicato] como uma ferramenta de contestação”. Pois bem, aqueles dois sindicatos, contestadores, são entidades tradicionais. Já o PROIFES (e o Sindiedutec)... Há uma antiga estratégia para a conquista do poder: dividir para conquistar. Neste sentido, podemos elaborar estudos sobre as estratégias empregadas pelo Partido dos Trabalhadores na legitimação de um domínio do poder, sobre nosso país, ante uma “força” a qual ele se curvou. Histórias... A questão análoga é a seguinte: sobre tudo o que aqui está caracterizado, qual a posição do Sindiedutec-PR com a Administração do IFPR, ela se diferencia do que diz o artigo, em relação ao PROIFES? E quem compõem a Direção do PROIFES? Sabem, a “base”, das implicações e das estratégias de cada uma destas entidades sindicais? Ou dividir para conquistar tipifica alguns movimentos?


(Observação: realizarei, se necessário, algumas alterações, bem como colocarei os links, em breve)