“Ciclope,
não me faltes
À
promessa. Meu nome tu perguntas?
Eu
me chamo Ninguém, Ninguém me chamam
Vizinhos
e parentes.”
Ulisses,
na Odisseia, de Homero.
"Precisaria de uma conversa em particular contigo para avaliar contigo
como dirigir o sindicato que não vejo como uma ferramenta de
contestação."
Nilton
Ferreira Brandão.
Pode-se questionar nossa consideração, anterior, sobre a menção
que faz a Chapa 1 da existência de um “grande grupo”, maior,
melhor ou sobre o todo. Pode-se dizer que esteja meio forçado
afirmar aquilo. Iremos
trabalhar um pouco sobre isso. Talvez o seja, em relação à frase
disposta; no entanto, é algo que, facilmente, poderemos demonstrar e
comprovar, desde a origem, as ações e propostas 'continuísta'
deste Sidiedutec-PR.
Um sindicato não brota de semente e não floresce sozinho; um
sindicato necessita muito mais do que terra, sol e água. Um
sindicato não é um vegetal e, resumindo, necessita de dinheiro para
comprar e investir em produtos materiais que o sustenha. Tendo uma
natureza social e um objetivo jurídico e político, duas das
principais 'fontes de subsistência' de um sindicato é
justamente aquilo que possibilita e mantém a coesão do grupo social
representado. São elas, o dinheiro que cada um investe e as
informações que todos devem ter acesso: estes duas condições, o
financeiro e o informacional, convergindo em ações e práticas
comuns, são o que alimentam, nutrem e dão a vitalidade e o caráter
de um sindicato.
O dinheiro possibilita materialmente, mas é somente com informação
e a partir da permeabilidade do conhecimento comum que um sindicato
insurge, se levanta e se mantém. A união da coletividade é
fundamental. Em relação aos recursos financeiros, cremos ser uma
questão óbvia e fatídica. Já em relação à comunicação e à
difusão do conhecimento, existem elementos mais relativos ou
aparentes. Isso, também de modo claro, é próprio da matéria, do
composto a que serve de base: a notícia e a informação. Como não
se trata de um tratado ou discurso acadêmico, basta-nos mencionar
aqui uma única questão a respeito: sem informação, o que é comum
à comunidade inexiste; e, inexistindo o comum, a comunidade mesma se
descaracteriza. Mas isso nos revela algo mais: ainda que a comunidade
possa não existir de maneira sistêmica e de modo conscientemente,
não quer isso significar que a comunidade se extingua. O mais
provável é que “algo” sobre a comunidade a conduza e a
manipule, exerça seu controle, etc. Eis aí a importância do
conhecimento, dado pela informação, e a essencialidade de seu
compartilhamento.
Meios de comunicação débeis, quando não inúteis, são,
sobretudo em seu silêncio e seletividade informativa, reflexos de
uma orientação política definida e manipuladora.
Façam uma 'pesquisa'. Entrem no site, no facebook, busquem
informações pertinentes para cada um de vocês nos meios de
informação do Sindiedutec-PR. O site, por exemplo, é um primor:
até hoje noticia em seu clipping a reeleição de Obama e, a
respeito das eleições para a nova diretoria, as informações,
somente em Editais, estão escondidinhas lá em “aquivos para
download”. Ou seja, um meio de informação onde sua principal
característica é ocultar a informação, restringi-la e não
estimular o reconhecimento dos fatos e atos dos e para os servidores
em seu sindicato.
Vamos estender este ponto. Um primeiro tema é que, sendo um
sindicato e tendo a representatividade DIRETA de todos os servidores,
a função e obrigação essencial do Sindiedutec-PR é divulgar as
informações comuns e vitais aos trabalhos e às condições de
trabalhos destes servidores. Todas as informações: assuntos
debatidos, entidades envolvidas, formas e conteúdos, etc. Basta com
que deem uma passada de vistas na variedade de temas e ações de
outros sindicatos, e, sobretudo, no modo como o fazem. Sem qualquer
necessidade de complementação, verão que o Proifes é da mesma
qualidade: (des)informa pelo oculto.
Há ainda uma outra relação a ser considerada. Busquem e
questionem as ações, ou, no mínimo, quaisquer informações a
respeito das variadas questões institucionais, do IFPR, no rol de
temas e assuntos do Sindiedutec-PR hoje. Sem receio, não
encontraremos absolutamente nada de útil, oxalá de inútil. É como
se o Sindiedutec-PR fosse uma alma penada, um ser errante sem corpo
ou... domicílio. Sem domicílio? Opa...
Não, domicílio temos! E aí retornamos à Carta Programa da Chapa
1. Diz assim, em letras garrafais: “(…) adquirimos uma
propriedade que agora é SEDE PRÓPRIA DO SINDICATO.” Mas não
queiram entender a que custo e de que modo, posto que isso ainda não
é informação pertinente, para eles, divulgarem publicamente. Segue
todavia pior: “Com isto economizamos em torno de mais (d)e dois mil
reais por mês para investir em benefícios para nossos filiados!”
A conhecer e a se crer, os benefícios a que se referem, com esta
“economia”, correspondem a jantares maravilhosos e com sorteios
de prêmios deliciosos, festas juninas descentralizadas e amigos
secretos perfeitos. Isso se afirma, não é necessário confirmar:
“agora podemos projetar outros benefícios: áreas de lazer (salão
de festas), (…) além de um ambiente administrativo adequado para o
om atendimento da categoria”.
Eis o preço das coisas: pão e circo, diriam os romanos. Temos,
definitivamente, grandes “conquistas” materiais. Mas, qual a
função e o objetivo do sindicato? A que preços vieram estas
conquistas? Temos sido claros e atuantes para que o sindicato se
desenvolva e atue em conformidade com nossas necessidades e
objetivos? O que é essencial, enquanto sindicato: conhecimento e
ação ou churrasco e lazer? Qual sindicato queremos e o que é feito
de nosso investimento financeiro no sindicato?
A respeito da “economia”, poderíamos, conscientemente, jogar
verde, para ver o que sai (claro, não sai nada porque informação
não é o forte, nem o fraco, nem o desejo de compartilhamento). O
Sindiedutec-PR possui telefones celulares para a sua diretoria? Se
sim, quantos, de que forma são utilizados e a qual custo financeiro?
São realmente necessários, ou as tratativas e conversas poderiam,
todas elas, serem feitas por blog, e-mail e bate-papo, gratuitos e de
amplos acessos? Jogamos verde, eis o “desafio”: se existem
telefones celulares institucionais, para o uso da diretoria, então:
será que não valeria a pena 'economizar' também por aí? Afinal,
seriam recursos que poderíamos priorizar para o compartilhamento de
informações de maneira ampla, para que os demais meios de
comunicação funcionem melhor e as notícias não sejam restringidas
entre aqueles que gozam exclusivamente dos celulares. Reconhecer os
custos benefícios, os verdadeiros, deixaria mais claro o porque de
não termos acesso e conhecimento das informações, notícias, ações
e decisões dos mais variados temas relacionados a nossas
instituições, carreiras e trabalhos. Sim, temos SEDE PRÓPRIA. Sim,
não sabemos como e a que valor financeiro; mas sabemos que seu
custo, social e ideológico, é absurdo.
Por exemplo, a coisa mais banal, hoje, é criar e atualizar um blog,
gratuito. Pode-se fazê-lo, inclusive, através do próprio celular,
que, se há, é pago por toda a comunidade, ainda que para o deleite
exclusivo de alguns poucos... Enfim, compramos uma sede própria e
teremos dinheiro para festas e animações coletivas. Infelizmente,
no entanto, não sabemos, do Sindiedutec-PR, em seus meios de
comunicação e nos meios públicos e gratuitos de informar: o que
fez e o que faz, como dispõem e envolve o público, como promove a
sua função social e age sobre os debates fundamentais de nossas
carreiras e melhores condições laborais, como legitima as decisões
de todos, quais os fundamentos das discussões para todos, etc. Mas
eis que Obama está reeleito, como todos poderão vê-lo, desde nossa
sede própria, em seu salão de festas e mesa de bilhar.
“Ciclope,
não me faltes
À
promessa. Meu nome tu perguntas?
Eu
me chamo Ninguém, Ninguém me chamam
Vizinhos e parentes.”
Assim se apresentou Ulisses para o gigante Polifemo, em sua viagem
fantástica narrada na Odisseia, de Homero. Como Ninguém, Ulisses
enganou a todos os ciclopes da ilha, cegou Polifemo e, em pele de
cordeiro, pode salvar a si e a seus companheiros. Esta história,
dada como do século VIII antes de Cristo, repercute por aqui, no
Sindiedutec-PR. Nas palavras de seu atual presidente, para todos os
membros da Diretoria, ainda em 2011:
“(...) precisaria de uma conversa em particular contigo para
avaliar contigo como dirigir o sindicato que não vejo como uma
ferramenta de contestação mas que em certas situações tem por
obrigação tomar determinados posicionamentos”.
Cegar a informação, omitir a sua responsabilidade e travestir-se
de cordeiro. Diz ainda a Carta Programa da Chapa 1: “O site do
Sindicato, embora com deficiências devido ao auto custo de empresas
especializadas e profissionais da área (jornalistas), é uma
ferramenta real de informações, principalmente para os usuários de
Convênio com à UNIMED”. Ora, infantilmente, permita-nos, de modo
a gerar um escárnio, voltam a afirmar as mediocridades:
- o “alto custo” (não auto) financeiro é simplesmente ridículo, podendo ser um custo zero: basta um pouco de honestidade e disposição mínima para fazê-lo. Este próprio blog, por exemplo, ou estes outros dois, http://reconstruirosindiedutec.wordpress.com/ e http://taemovimentoifpr.wordpress.com/, são feitos de forma completamente gratuita. Há, sim e sinceramente, apenas um pequeno esforço coletivo na produção e atualização. E há, além disso, a grata transparência e oportunidade de ser um espaço (para o) público e com a vontade de abrir e permitir o conhecimento, a reflexão, os debates e discussões. Sem nenhum ônus e prejuízo social (financeiro e ideológico), sem qualquer desculpa, sem sequer a obrigação formal.
- “ferramenta real de informações, principalmente para os usuários de Convênio” é o grau pior da insensatez de suas sinceridades. O mundo gira, cospe e transforma a sociedade e todas as individualidades, mas nós não precisamos sequer ver ou entender tudo isso, quanto mais participar de alguma manivela, posto que temos casa (teremos salão de festas!) e um site que dá acesso à UNIMED. Que mais poderíamos desejar de um sindicato?
Claro, talvez um jornalista do partido seja interessante... para o
grande grupo...
Logo postaremos a sequencia desta análise da Carta Programa da
Chapa 1, a que prega e faz o continuísmo.