21 de fev. de 2014

Para (RE)conhecimento

Artigo publicado pelo Prof. Jesué Graciliano da Silva, no dia 21/02/2014:

http://jesuegraciliano.wordpress.com/geral/

A importância da ética na gestão pública

Caros colegas, nessa parte vamos organizar comentários gerais sobre gestão pública.

Nos 20 anos como docente do IFSC não acumulei uma única falta em minha ficha funcional. Também nunca respondi a um processo administrativo, criminal ou ético. 

Depois de atuar como Diretor do Câmpus São José de 2003 a 2007, como Diretor de Gestão do Conhecimento em 2008, como Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional de 2009 a 2011, como Reitor pro tempore do IFSC de julho a dezembro de 2011, como Reitor pro tempore do IF-Farroupilha de junho a outubro de 2012 e como Reitor pro tempore do IFPR de agosto de 2013 a janeiro de 2014 tenho certeza de já ter dado uma pequena contribuição para a rede de educação profissional do sul do Brasil.

Nestes 10 anos de atuação como dirigente público levantei algumas bandeiras como a da transparência, da gestão participativa, da ética e do desenvolvimento das pessoas.

De todas, entendo que a mais importante é a da ÉTICA, principalmente a da “ética da reciprocidade”. Devemos fazer com os outros o mesmo que gostaríamos que fizessem conosco. Como gestor público gosto de tratar meus colegas gestores como gostaria de ser tratado. Como docente gosto de tratar os estudantes como eu gostaria de ser tratado como estudante. Isso vale para nossas famílias e nossas relações de amizade e profissionais.

Além da ética, a transparência é uma ferramenta indispensável para criar uma conexão direta com as pessoas. A transparência gera confiança. Sem confiança não há nada. Não há LIDERANÇA.  No “Príncipe” de Maquiavel já discutia o fato de que alguns príncipes queriam ser respeitados pelo povo e outros temidos. Essa é uma escolha que todos os gestores públicos fazem. E os resultados são diversos.

Com ética e transparência acontece a mágica da participação.  E ela é fundamental em uma instituição de ensino, pesquisa e extensão. É um direito previsto na Constituição Federal, no seu Artigo 206. A existência dos colegiados em todos os câmpus é fundamental para que os estudantes, servidores e comunidade externa possam contribuir para o processo decisório.

Mas de nada adianta ética, transparência e participação se os profissionais da educação não são desenvolvidos ao longo de toda carreira profissional.  O que importa mesmo é o capital intelectual. São as pessoas e não os processos que fazem a verdadeira diferença ! As pessoas garantem os resultados. E pessoas precisam se sentir bem e motivadas para serem eficientes.  Pessoas oprimidas e com medo não fazem bem o trabalho. Isso é elementar e ainda desconhecido por muitos gestores públicos.
Após 3 experiências de gestão interina (pro tempores) aprendemos um pouco mais sobre os desafios dos Institutos Federais.

No IFSC nosso maior desafio foi a organização das eleições gerais com toda isenção e transparência necessárias. Também enfrentamos questões como a flexibilização da jornada de trabalho, greve e progressão docente.  Com o Fundo de Tecnologia da Informação priorizamos recursos para investimento em segurança e ampliação dos serviços de TI do IFSC.   Também procuramos trazer o assunto “ética da reciprocidade” para o dia a dia da gestão.

No IF-Farroupilha temos orgulho de ter contribuído para a instalação da Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional, para as eleições nos câmpus com menos de 5 anos de funcionamento, para a criação do programa de desenvolvimento dos servidores, para a criação de novas ferramentas de comunicação e para a implantação do fundo de TI.

No IFPR nosso desafio foi a efetivação da execução do Planejamento de 2013, mesmo com todas as dificuldades decorrentes da Operação Sinapse.  Iniciamos a instalação dos colegiados em todos os câmpus, organizamos os Jogos Nacionais da rede EPT, o SEPIN, concurso público para TAE e licitações para 18 obras em todo o estado.

Foram 3 aprendizados diferentes. Não posso compará-los, mas cada um deles me deu o aprendizado que precisei para enfrentar o desafio seguinte. Não poderia inverter as experiências.
Para finalizar gostaria de deixar um abraço para todos aqueles que acreditam na ética, na gestão participativa, na transparência e no desenvolvimento de pessoas.

Como dizia Mario Quintana, nossos problemas passarão…e nós, pessoas de bem “passarinho”.   No final, quando o jogo acaba, o rei e o peão vão para a mesma caixinha. Os cargos que ocupamos não significam nada. No fundo, somos todos seres humanos desejando a felicidade. Espero que meu próximo seja feliz também. Acredito que a minha felicidade não pode ser motivo de problema para meu colega e vice e versa.
O que importa realmente é a AUTORIDADE MORAL, e essa nunca acaba quando se deixa um cargo.

Acredito muito na justiça e no estado de direito. Temos que confiar em nossas instituições.

Atenciosamente,

Prof. Jesué Graciliano da Silva

Anexos à mensagem: Os homens de bem entenderão:


3- Memorandos sobre EAD

memorando ead 1  - memorando ead 2

4- Solicitação de devolução de valores da CD recebida durante a gestão interina.
devolução de valores



FEBRUARY 9, 2014 · 10:06 PM

Relatório Final de Atividades da Gestão Pro Tempore

Prezados servidores e estudantes do IFPR, no dia 31 de janeiro de 2014 encerramos nosso trabalho no IFPR.  Foram quase 6 meses de intenso trabalho, onde procuramos sempre colocar o interesse público em primeiro plano.
Durante esse período adotamos sempre os princípios da administração pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, previstos no Artigo 37 da Constituição Federal.  Sempre deixamos claro que não importa se ocupamos o cargo por uma semana ou por 4 anos. Sabemos que a responsabilidade legal é a mesma.  Assumimos a responsabilidade legal decorrente de cada uma das assinaturas. Sabemos  que fazemos parte do rol de responsáveis do IFPR durante o ano de 2013 e que estamos sujeitos às avaliações e auditorias dos órgãos de controle.
Por esse motivo sempre tivemos a preocupação de agir dentro da legalidade e da publicidade, mantendo todos muito bem informados de nossa agenda oficial e de todos nossos atos.  Procuramos acionar a PGF, a CGU e a Auditoria Interna sempre que necessário. Isso nos deixa seguros de que fizemos tudo o que estava em nosso alcance para corrigir os problemas que observamos durante a interinidade.
Temos certeza de que os relatos publicados no blog são registros importantes desse período e que qualquer pessoa poderá conferir por si o que foi realizado, sempre que desejar.
Apesar de convites de minha parte, não foi possível a realização de uma reunião formal de transição com o Reitor eleito.  Também não foi possível a realização de um processo de transição assim que assumimos a gestão no dia 9/8/2013.  Devido ao afastamento cautelar determinado pelo Juiz não foi possível a realização de  reuniões para troca de informações durante todo o período de interinidade. Essa não é a situação que consideramos ideal.  Nas experiências anteriores de interinidade (IFSC e IFFarroupilha) procuramos trabalhar em sintonia fina com os dirigentes que assumiriam as funções,  justamente porque há interesse público de que não exista descontinuidade nos projetos importantes.
Para contornar essa dificuldade, preparamos um resumo das atividades realizadas no período de 9/8/2013 a 31/1/2014. Protocolamos e entregamos para o Reitor eleito. Também enviamos esse relatório para os membros do Conselho Superior e para a SETEC.   Podemos detalhar cada um dos itens, caso exista interesse expresso pelo Reitor eleito.
Cada pró-reitoria e Diretoria sistêmica também produziu um resumo de suas atividades.  Entendemos que é fundamental a prestação de contas para a sociedade.  Essa ação é uma obrigação prevista na Lei de Acesso à Informação e na Constituição Federal em seu Artigo 37.
Muitas vezes a falta de compreensão sobre as motivações que levaram a tomada dessa ou daquela decisão pode causar interpretações equivocadas.   Todos os dias tomamos decisões importantes e para isso utilizamos nossa experiência de 20 anos de gestão pública na rede EPT e as informações e pareceres jurídicos disponíveis nos processos.
A falta dessa compreensão pode explicar eventuais  ruídos de comunicação ocorridos na última semana. Recebemos notícias de que algumas pessoas  teriam feito comentários deselegantes de que algumas de nossas ações durante a interinidade não teriam sido corretas e que a minha nomeação pelo Ministro teria prejudicado projetos importantes que estavam em andamento, quando ocorreu a operação Sinapse e a troca de pró-reitores e 3 diretores de campus.  
Praticamente todos os projetos importantes que nos foram repassados pelas pró-reitorias (em meados de agosto) tiveram continuidade durante o ano de 2013, conforme detalhamento no Ofício 40 (link abaixo).  Sempre deixamos claro que nenhum projeto deveria ser descontinuado. 
Compreendemos que nossa presença no IFPR durante esse período de interinidade não foi bem aceita por todos.   
Nos primeiros dois meses fomos pressionados com a tese de que não havia legalidade na nomeação. A partir da decisão proferida pela CONJUR (final de setembro) superamos essa dificuldade.
No entanto,  após essa decisão da CONJUR passamos a enfrentar oposição ao encaminhamento de diversas ações.  Procuramos sempre contornar essas dificuldades com tranquilidade convocando os responsáveis para esclarecimentos e providências cabíveis.
Em algumas oportunidades recebemos “recados” tais como: o concurso público para contratação de TAEs, os Jogos Nacionais da Rede EPT e o 2. SEPIN não poderiam acontecer.   Questões simples muitas vezes se tornaram complexas.  Com muito trabalho superamos também essas dificuldades. Todos esses grandes empreendimentos foram realizados com pleno sucesso, trazendo orgulho para todos os servidores e estudantes do IFPR.
Respeitamos os mandamentos legais e sabemos que, como figuras públicas, estamos sujeitos a críticas. Todos têm o direito de expressar suas contrariedades.  Mas entendemos que o direito de resposta é um direito constitucional. Por esse motivo nos colocamos à disposição para responder a qualquer questionamento, mas de forma oficial.  Não entendemos como ético a realização de críticas a pessoas que estão ausentes e que não podem prestar os esclarecimentos necessários.
No dia 3 de fevereiro, já no início da manhã,  soubemos que o endereço eletrônico jesue@ifpr.edu.br já havia sido desativado.
Por isso, caso queiram se comunicar comigo basta enviar mensagem para jesuegraci@gmail.com.
Acreditamos em um grande futuro para o IFPR. Estarei sempre acompanhando o que acontece nessa tão importante instituição, capaz de transformar para melhor milhares de vidas no estado do Paraná e em todo o Brasil por meio da educação à distância.
Muito obrigado mais  uma vez pelo carinho.
Contem sempre com meu apoio.
Atenciosamente,
Prof. Jesué Graciliano da Silva
Blog: http://eticaegestao.ifsc.edu.br

12 de fev. de 2014

Ao recitador de Brecht

FRIEDRICH SCHILLER (1795-1805)



AS PALAVRAS DA FÉ

Há três palavras, plenas de sentido,
Que andam de boca em boca, e vos proponho:
Não as sei por saber, nem só de ouvido,
Só o coração delas dá testemunho:
A humanidade sem valores vai ficar,
Se a fé nas três palavras renegar.

Livres fomos criados, livres somos,
Ainda que em cadeias nascidos;
Não vos confunda a turba e seus assomos,
Nem os abusos de loucos furibundos:
Perante o escravo que quebra seus grilhões,
Perante o homem livre, não temais!

E a virtude não é palavra vã,
Uma vida a podemos cultivar;
E inda que um homem tropece, em seu afã,
À divina pode sempre aspirar.
E o que o siso dos sisudos não alcança,
Singela o faz um´alma de criança.

E um Deus é, e viva Sua vontade,
E inda que a humana possa vacilar,
Pra lá de tempo e espaço há a verdade
Da ideia suprema a fermentar.
E se tudo gira em mudança eterna,
A lei da permanência nos governa.

Guardai as palavras plenas de sentido,
Passai-as de boca em boca, vos proponho;
E se não as souberdes só de ouvido,
Voss´alma delas fará testemunho:
E a humanidade seu valor vai manter,
Se a fé nas três palavras não perder.


Trad. João Barrento in Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Assírio & Alvim


PS.: Recomenda-se, ainda, uma leitura graciosa do texto "Do sublime", do mesmo Schiller.