22 de mai. de 2015

Uma semana interessante – pós eleições


Em passagem pela reitoria, um professor argui: “é verdade que os técnicos com fg fazem apenas seis horas de trabalho?” Ao que o debate (diálogo) se inicia, realmente, após um suspiro: “sempre isso...”.
Em andança pelo corredor, no Campus, outro professor comenta: “cara, os técnicos são realmente uma categoria danada. Ninguém vai ser louco de mexer (leia-se: assediar moralmente) com professor. Já com técnicos, os caras não estão nem aí, é uma classe descaracterizada e eles passam por cima mesmo.” Outro suspiro, a conversa segue um pouco, mas, tanto naquela, como nesta, em nenhum momento não dispusemos o “vulto”.


A relação de se técnico com fg trabalha seis horas, inegavelmente colocada não se sabe por que dono e em que movimento, mas com intentos de se proporcionar uma cisão cristalina, e idiota, é idiota. Não se trata de discussão, não se trata de “construtivismo”, não se trata de qualquer debate ou embate produtivo. É idiota. Existe? É ilegal? Quem é o chefe? É probatório (o dano)? Resolva-se administrativamente. Ponto.

Por outro lado, esta mesma nulidade (idiotisse) carrega, e muito, a pobreza de nossas mais fundamentais desenvolturas. De fato, ao se levantar o tema, dado como foi, fica obliterado a essência que compromete (toda) nossa eficiência administrativa e funcional. Nada se fala a respeito de responsabilidade, produtividade, eficiência, qualidade, competência, planejamento, etc., estes conceitos todos que, extraídos de uma ciência, in-operam na instituição e passam longe de qualquer diálogo comum entre a existência sócio-laboral e o planejamento institucional. O que importa é o “privilégio” das seis horas, e somente em relação aos TAEs. Somos científicos, uma instituição promotora da ciência, mas a ciência de laboratório. Aquela do dia a dia, mesmo, aquela que é, aparentemente, relegada aos TAEs, esta é a ciência pobre, medíocre, inútil para nós.

Tudo isso não foi dito, explicitamente. O que sim ficou revelado é que o debate idiota das seis horas para quem tem fg me é, por mérito, relativizado ao silêncio. Era na reitoria; era douto; possui cargo. E o que me impressiona – não é por desmerecer, eu tenho solidariedade ao professor – o que me impressiona é que ao lado de seu local de trabalho está a progepe. Não uma secretaria, nem uma seção, mas um Pró-Reitoria de gestão de pessoas. E o que me comove é que, considerando o Plano de Desenvolvimento Institucional que temos e conhecendo o Relatório de Auditoria da CGU, sobre o IFPR, ainda estejamos (querendo) a discutir nossas disposições com coisinhas tão restritas, justamente, às deficiências gerenciais...

Ou seja, não se busca uma discussão a respeito dos planos, metas, ações e responsabilidades, de nada, para nada. Somos a obviedade por excelência, ao que parece. E de tão óbvios, cristalinos, sapiens, agimos tão somente: sem rumo, sem prumo, sem relação. O que nos impede, se é que algo nos trava, é que eventualmente, como se diz por aí, técnicos com fg fazem rotinas de apenas seis horas. Isso é o grave.



Parece distante, mas de tão próximo, a semana se tornou mais interessante. Os técnicos não apenas parecem fazer seis horas quando não podem, legalmente, como são fáceis faces à violência laboral moral. A questão, e a relação, não é pela cisão TAE com Professor: entre eles e nós, um e outro, não há fronteiras nítidas, distinções institucionais solúveis. Pelo contrário, ambos são, notadamente, insolúveis artefatos de manipulação. O que nos difere é uma questão de método, mas a (in)discriminação é a mesma, e o resultado é idêntico: alienamo-nos todos, alienam-nos efetivamente.
Sim, é claro, os TAEs recebem métodos mais carnívoros (porque na carne, ainda que de efeito moral) para que seu contingente seja mantido sobre um cerco de efetivo controle. Sempre existe, em um ambiente como tal, aqueles, uns e outros, que se atrevem e saltam, questionam e falam. São estes os merecedores de uma ação correcional, para o aprendizado e que sirva de modelo, ou para que fique distante e aprenda a se calar, não perguntando, e calando em sintonia aos demais. Outros métodos, menos doloridos, a princípio, mas com um custo Real relativamente alto, são aplicados. Ainda que não deixem ressentimentos, fazem ser notável equivalente.

Os professores, por outro lado, ainda que não sejam vítimas de ostensivo cerceamento, não deixam de ser menos controlados. É o jogo da obviedade, no fim, o único que nos difere, pura e simplesmente. O controle professoral é estabelecido e notado, basicamente, por uma “negligência”; e sucedido e sustentado por uma “liberdade”. De fato, tome-se como exemplo o Plano Pedagógico Institucional e seu estruturante Plano de Desenvolvimento Institucional. Quais e quantos professores concordam, participam, refletem, se comprometem com aqueles panfletos turísticos a políticos municipais e seus colaboradores deputados? Quando “os” Professores se levantaram, se pronunciaram, proferiram as razões, disputaram a lucidez de uma concepção, uma funcionalidade e um desenvolvimento institucional pautados sobre alicerces seguros da comunhão científica e pedagógica?

Eu, nós, nunca o vimos. E entendemos que, a partir disso, tanto quanto os TAEs, também os professores vivem sobre um cerceamento restrito e monitorado. É verdade que, em termos de possibilidades, seus horizontes parecem ser maiores, considerando que os Professores são livres e respeitados, enquanto classe, mas apenas dentro da classe. Ou seja, a sala de aula é o limite, a disciplina e o colegiado internalizados. Uma obviedade. Fora de suas cercas, somos tão iguais... 

A instituição não nos distingue: mal nos possibilita de sua própria institucionalidade, somos óbvios e comuns. Discutimos os interstícios das 30 horas, mas não o que fundamenta sua razoabilidade e efetividade. Assistimos, em nosso panegírico silêncio, o visual assediamento, crendo-nos potentes em voz muda...

Ah! o sindicato... ah! este guardador de rebanhos...
Segue...

Um comentário:

  1. Guilherme o polêmico5/24/2015

    1º A cultura do cásulo e anti-política: PDI, PPI, Estatuto, Regimento, são coisas "da política" (institucional) - então deixe-mos aos políticos: aos Colombianos e aos Maduros (relator de um estatuto absurdo e sem sentido, e que acha que pra fazer um PDI é só juntar os planejamentos dos câmpus e grampear tudo junto)....é assim que os servidores, em sua maioria, veêm, e o sindicato não trabalha para modificar;
    2 - o IFPR, e em boa parte os IFs, por preconceito da "burocracia pretensamente de esquerda" só trazem da iniciativa privada o que há de mais atrasado e pior. Ao invés de, sem preconceitos, e sem privatizações, nos pautarmos pelo que há de mais avançado e produtivo na iniciativa privada, nas empresas do conhecimento. À là GOOGLE. Que trabalhemos 6, 4 horas, que levemos os cachorros e filhos para o local de trabalho (e os estudantes também), mas que trabalhemos com algum norte e algum referencial de produtividade e eficiência reconhecida coletivamente e não a carteirada.

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